Talvez

Eu queria o mar,

um céu,

várias estrelas enfileiradas em cândido cordão.

Algumas luzes iluminando um breve passo

de seres envoltos em cálidas flores de algodão.

E como seria isso?

Sei não,

eu poderia ir longe buscar meus sonhos,

chegaria até o limite do impossível,

deixando que a brisa leve conduzisse meus anseios.

Não é sábio querer,

mas não seria apropriado cantar um canto sem sentido

numa noite de tempestade.

É verdade que eu já chorei muito,

uma nuvem era testemunha a cada lágrima

e me dizia pra continuar mesmo assim.

Eu não fui e quando olhei pra mim não tinha mais nada.

Acalentava-me a certeza de um sorriso.

Eu quis muito,

eu quis demais,

eu quis com todas as minhas forças.

Com a certeza absoluta de um canto descoberto

eu fui passando de sonho em sonho.

Acabrunhada voltava sem perspectivas.

Como fazer com uma coisa que não tem nexo?

Era pretexto meu ir além de uma condição de vida inerte,

sem pontos de apoio.

Porque?

Porque eu queria amar e ser amada...