MOMENTOS.
MOMENTOS.
Pictórico, meus amigos pensam que são meus
Mas desconhecem os meus próprios "eus".
O cotidiano trata-te como mero subserviente
Um submisso do momento, um inconveniente
Os pensamentos confidenciados têm credenciais do desespero
Da aflição e da ansiedade, juntas e com destempero
De tanto pisotear em destinos de espinhos
É salutar dentre os momentos da vida, traçar outros caminhos
Para isentar-los dos meus sofrimentos surdos.
Causa-me dor abandoná-los à justa causa dos absurdos
O coração faz-se carroça puxada pela mula da saudade
E é tão feia que foge do tempo com celeridade
Quer mudanças a todo o momento, por medo e covardia
Não clama a compreensão de sua amiga melancolia
Geme por esse casamento agônico sufocado pelo ar
E esquece que todo homem, tem vergonha de chorar.
Aos antipáticos fui sincero e fiz meus amados inimigos
Sou feliz com os dedos que tenho, são únicos e amigos
Às mulheres que amei peço perdão por gostar de plurais
Sem perder tempo sei que esses momentos não voltarão jamais.
Abandonado pela consangüinidade,... Fui banido das tretas
Objeto de desejo do crime,... Fui drogado pelas letras
Aos irmãos de raça jamais desembainhei a maldade
Vivo os meus momentos com a consciência da infantilidade
E trago da experiência, os erros e poucos arrependimentos.
Sem rotina meus dias são-me sempre acontecimentos
Sei que o túmulo me aguarda com uma complacência de corno
Então ponho a paciência congelada dentro de um forno
E dia a dia com arrogância aspiro... O dia que vingarei a vida.
Minha memória é uma biblioteca de muitas despedidas
As lembranças trazem-me sorrisos em fotos de adeus
E sempre que olho no espelho,... Reflete o verme que sou eu.
CHICO DE ARRUDA.