CADERNO
Meus poemas vagueiam livres
Por entre as lâminas pautadas
Velho caderno azul
Folhas amarelas de um certo outono
Lápis preto lanhado
Golpes ferozes
De um estilete voraz
O grafite mancha meus dedos
Versos dispersos marcam meus medos
Agito-me tentando acordar em mim
Palavras há muito adormecidas
Amontoadas em meus porões
Desejando apenas uma aragem
Para voarem com asas de verbo
Com entonação própria
Só você os une e dá sentido
Quanto tenho andado e desejado
Deflorar teus recatos
Descobrir teus encantos
Novas maneiras de senti-la
Novas estradas
A atingir teus desertos
Povoar tuas incertezas
Preencher essas plagas
Mas o que me envolve é a maresia
A calmaria imobiliza os cordames
Põe as velas em descanso
E sem a agitação do vento leste
Não há como chegar até você