CADERNO

Meus poemas vagueiam livres

Por entre as lâminas pautadas

Velho caderno azul

Folhas amarelas de um certo outono

Lápis preto lanhado

Golpes ferozes

De um estilete voraz

O grafite mancha meus dedos

Versos dispersos marcam meus medos

Agito-me tentando acordar em mim

Palavras há muito adormecidas

Amontoadas em meus porões

Desejando apenas uma aragem

Para voarem com asas de verbo

Com entonação própria

Só você os une e dá sentido

Quanto tenho andado e desejado

Deflorar teus recatos

Descobrir teus encantos

Novas maneiras de senti-la

Novas estradas

A atingir teus desertos

Povoar tuas incertezas

Preencher essas plagas

Mas o que me envolve é a maresia

A calmaria imobiliza os cordames

Põe as velas em descanso

E sem a agitação do vento leste

Não há como chegar até você

GIBAWRITER
Enviado por GIBAWRITER em 04/09/2014
Código do texto: T4949480
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