Ao algoz suplico

Deixe-me morrer - ao algoz suplico, vagarosamente.

Não me impeça de à sepultura descer mas, em versa,

convalesço de sua reserva a dirigir-me nesta peça,

onde jaz pícaro junto à minh´alma docente.

Entrementes, explico ao verdugo: Usai nada mais que esta adaga.

Pois, de praxe, vós não possui a sorte de um precito burguês;

Este réprobo inaudito de um passado congestionado e passivo,

espera somente que o deixe ao norte, jazendo a caminho de casa.

Indagas sobre a nobreza de meu subversivo intento?

Não sabeis que o reino já se estabeleceu e

à sombra das oliveiras, honrosos que com o Rabi conviveu

aguardam-me ansiosamente, noutro tempo.

Sendo mais provável que improvável,

os atalhos me farão caminhar mais que o necessário.

E neste comodismo circunstancial e literário,

espero apenas que possa sobreviver algo de admirável.

“Viveu virtualmente como escreveu.”

Eu, em pesar, encomendo aos mais íntimos esta lápide,

junto as flores que esconderão o olhar de derrota.

Mas o cintilar da lágrima que involuntária ao meu pestanejar brota,

cegou e impediu o trabalho de meu opróbrio carnífice.

Anime-se! Tu ganhaste uma nova oportunidade.

De se livrar da mortalha e viver novamente;

A chance de fazer desta vez tudo diferente e,

num futuro próximo, não mais se omitir diante da verdade.

Marcelo Maia
Enviado por Marcelo Maia em 22/05/2007
Reeditado em 02/04/2016
Código do texto: T497391
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