Ao algoz suplico
Deixe-me morrer - ao algoz suplico, vagarosamente.
Não me impeça de à sepultura descer mas, em versa,
convalesço de sua reserva a dirigir-me nesta peça,
onde jaz pícaro junto à minh´alma docente.
Entrementes, explico ao verdugo: Usai nada mais que esta adaga.
Pois, de praxe, vós não possui a sorte de um precito burguês;
Este réprobo inaudito de um passado congestionado e passivo,
espera somente que o deixe ao norte, jazendo a caminho de casa.
Indagas sobre a nobreza de meu subversivo intento?
Não sabeis que o reino já se estabeleceu e
à sombra das oliveiras, honrosos que com o Rabi conviveu
aguardam-me ansiosamente, noutro tempo.
Sendo mais provável que improvável,
os atalhos me farão caminhar mais que o necessário.
E neste comodismo circunstancial e literário,
espero apenas que possa sobreviver algo de admirável.
“Viveu virtualmente como escreveu.”
Eu, em pesar, encomendo aos mais íntimos esta lápide,
junto as flores que esconderão o olhar de derrota.
Mas o cintilar da lágrima que involuntária ao meu pestanejar brota,
cegou e impediu o trabalho de meu opróbrio carnífice.
Anime-se! Tu ganhaste uma nova oportunidade.
De se livrar da mortalha e viver novamente;
A chance de fazer desta vez tudo diferente e,
num futuro próximo, não mais se omitir diante da verdade.