ROTINA
Se eu te amo?
Hoje mesmo te dei meu amor, eu penso,
mas isto não muda absolutamente nada,
não altera a inércia nem a entropia.
O movimento contínuo, a aceleração constante.
Tudo esfriando e se expandindo até sei lá onde.
A certeza do meu amor segue os elétrons,
não altera o valor facial da existência,
mas é impossível firmar seu lugar no espaço.
Amar é dançar no escuro.
Basta-me saber que aqui estou,
assíduo e aturado,
operário que o seu ponto assina.
Dançar enquanto houver música,
os passos firmes no chão da rotina.