Colcha de retalhos
As pessoas acham que tenho um coração gelado
Mas, não.
Ele só está ferido
Não partido, magoado.
A frieza não é maldade
É só um escudo
Com o qual me acostumei a viver
Tornou-se necessário
Não por medo
Ele é um aliado
Na batalha da vida
O desafio de viver
Meu coração está todo furado
Pelos tiros que ricocheteiam e me atingem
E através dos furos, escorre o amor
O que resta, mas é imperceptível
Pois sobressai-se a dor
E enquanto ele se esvai, lentamente
Tento sobreviver
Mas ele parece ser desperdiçado
Em mesas de apostas onde jamais poderei vencer
É uma lâmpada fraca demais
Em meio a lustres de todos os tipos
É uma incógnita
Num mundo cansado de charadas
É uma colcha de retalhos
Pedaços de vida costurados
Fina demais para aquecer à noite
Desarmônica demais para decorar
E o tempo passa, tão depressa
Não sei o que tanto quer alcançar
E enquanto passa, meu amor escorre
Está prestes a acabar.