Um Cafezinho
Eu estava apoiado ao balcão onde pedimos diversos,
onde amostras de massas tantas, sedutoras, nos extraem saliva.
A padaria.
Tem um comércio desses, de gordices diversas
na esquina da minha casa,
padarias daquelas que se impõem e ostentam o nome do bairro,
como que oficiais.
Meu guarda-chuva em punho, incômodo, ali comigo pairava,
frente ao balcão, o cárcere de delícias.
A funcionária, dentro de seu uniforme vermelho e branco,
passou levemente,
e ao senhor que estava do meu lado perguntou: ‘Quer um cafezinho?’
Ao que o mesmo respondeu afirmativamente.
Hum, naquela tarde chuvosa cairia bem, mesmo naquela movimentação,
naquele entra e sai, um cafezinho...
e aquele senhor devia ser conhecido da funcionária,
ou ela ofereceria à mim também,
um quem sabe aromático e fumegante pretinho ...
Qualquer um aceitaria,
imagino então o protagonista da avenida lá fora,
indiferente a chuva e com seus cinco asseclas caninos,
um caricato catador de trecos,
Essa sombra na avenida abriria o peito e um sorriso
para um bom 3 Corações...
Bom, a balconista pescou minha atenção
e pedi à ela então o famoso pãozinho
que nunca foi francês, mas tava quentinho,
esperando encontrar em casa o que cheira longe,
um cafezinho.