MEIOS-TERMOS
Queria poder telegrafar meu amor,
vê-lo correr sobre os fios,
elétrico, magnético, codificado,
mas o tempo passou como maria-fumaça.
Poderia postar um telegrama,
deixar meu amor impresso no papel,
impregnado de tinta, em frases curtas.
Amor cravado de pontos e abreviações.
Mas por que não encher o bolso de fichas num repente
e gastá-las todas no orelhão do Metrô?
Falar de meu amor em público, gritar até,
abafar o ranger das rodas sobre os trilhos
e ainda não constranger os transeuntes.
Amor cadenciado a cada ficha que cai.
Nenhuma fila se formaria atrás de mim.
Todos temos celulares e notebooks.
Não! Serei como os amantes históricos,
que comprometem a mão em prol do amor,
em cartas, bilhetes, poemas,
um amante do meu tempo,
e enviar uma dessas mensagem pequenas,
sintética, mas que fale o necessário,
tipo Eu ♥ VC ☺,
até a próxima invenção
do amor.