MEIOS-TERMOS

Queria poder telegrafar meu amor,

vê-lo correr sobre os fios,

elétrico, magnético, codificado,

mas o tempo passou como maria-fumaça.

Poderia postar um telegrama,

deixar meu amor impresso no papel,

impregnado de tinta, em frases curtas.

Amor cravado de pontos e abreviações.

Mas por que não encher o bolso de fichas num repente

e gastá-las todas no orelhão do Metrô?

Falar de meu amor em público, gritar até,

abafar o ranger das rodas sobre os trilhos

e ainda não constranger os transeuntes.

Amor cadenciado a cada ficha que cai.

Nenhuma fila se formaria atrás de mim.

Todos temos celulares e notebooks.

Não! Serei como os amantes históricos,

que comprometem a mão em prol do amor,

em cartas, bilhetes, poemas,

um amante do meu tempo,

e enviar uma dessas mensagem pequenas,

sintética, mas que fale o necessário,

tipo Eu ♥ VC ☺,

até a próxima invenção

do amor.

Asael Souza
Enviado por Asael Souza em 06/10/2014
Reeditado em 06/10/2014
Código do texto: T4989065
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