GRIDS E GRILOS

À Mário Quintana e Ayrton Senna

falecidos em maio de 1994.

Corremos juntos e tanto

em uma pista tão curta,

grid a grid,

ganhando esse mundo

de sinas, senas e sendas.

Nosso amigo poeta

andava vagarosamente

por uma trilha pampeira,

decifrando, grilo a grilo,

os corações dos afogados que foram salvos.

A gente esquece que na vida há um corredor,

um corredor que faz um cotovelo.

A gente esquece ou deixa pra lá, muda de assunto,

assim como há uma curva depois de cada verso

e um verso depois de cada curva.

Quando a gente lembra, a gente chora,

é o relógio da parede que devora.

Eles, por desforra, seguiram abraçados,

caminhando por uma estrada matutina,

envolvidos na mesma bandeira,

em conversas e intrigas latinas,

de um país de grids e grilos.

Duas partes de nós,

forjadas em versos e velocímetros,

intangíveis e inafastáveis,

habituadas ao relento,

nem múltiplo nem metade.

Asael Souza
Enviado por Asael Souza em 09/10/2014
Reeditado em 10/10/2014
Código do texto: T4992894
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.