HIDRÔMETRO

A morte não chega abrupta,

voraz, num um bote certeiro,

nem traz consigo gadanha alguma.

Ela vem o ano inteiro,

mensalmente e sem bruma.

Toca a campainha

ou bate palmas frente ao portão,

pergunta se o cachorro está preso

e pede um copo d'água.

Depois procede a leitura

do hidrômetro junto ao muro.

Saca da mochila o aparelho

que emite na hora o boleto,

discriminando o consumo

das águas de nossos dias.

Num mês como de costume,

ela retorna e faz nova leitura,

mas não deixa conta nenhuma.

Asael Souza
Enviado por Asael Souza em 13/10/2014
Código do texto: T4997350
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