HIDRÔMETRO
A morte não chega abrupta,
voraz, num um bote certeiro,
nem traz consigo gadanha alguma.
Ela vem o ano inteiro,
mensalmente e sem bruma.
Toca a campainha
ou bate palmas frente ao portão,
pergunta se o cachorro está preso
e pede um copo d'água.
Depois procede a leitura
do hidrômetro junto ao muro.
Saca da mochila o aparelho
que emite na hora o boleto,
discriminando o consumo
das águas de nossos dias.
Num mês como de costume,
ela retorna e faz nova leitura,
mas não deixa conta nenhuma.