Soneto da beleza existencial

O poeta segurava sua caneta,

E não escrevia absolutamente nada.

Sua vida fora presa numa sarjeta,

Pois, sob a morte, a poesia era aguada.

Guardara exame e alma numa gaveta e

Tratar do câncer era dura escalada,

Pois a morte era a tinta de sua caneta,

E a poesia, melancólica e acinzentada.

Diante da folha pálida, analfabeta,

Olhou pela janela, viu uma flor colorida,

Indagando-se sobre o que a fazia viver ereta,

Mas, vendo nela pousar uma bela borboleta,

Entendeu que a motivação da flor da vida

Era a beleza que o levara a viver poeta.

*Poema selecionado para integrar a antologia do Prêmio Literário Galinha Pulando 2014 (organizado pelo poeta baiano Valdeck Almeida de Jesus).

Ronaldo Junior
Enviado por Ronaldo Junior em 14/10/2014
Código do texto: T4998820
Classificação de conteúdo: seguro