Um ser assim...
Um ser assim...
Resisti bravamente à solidão e a saudade,
Não sabia ser eu tão forte.
Meu mundo estava tão estável, previsível....
De minha cabeça, apenas o correto e direto.
A lógica me tomou por completo.
As decisões eram o meu campo de ação,
Executava políticas, pregava a ética,
Inebriava-me as ações sem sentido...
Tornei-me um adulto!
Logo eu...
Mas havia em mim uma esperança,
A poesia que escrevia obstinadamente e quase que inconscientemente,
Aquele desejo profundo e imenso de abraçar a utopia apenas mais uma vez,
Tocar os lábios das palavras belas por um segundo e mais nada,
Refletir-me em olhos vivos, desmontar-me em versos fortes,
Cantar a alegria.
Ter amigos para quem pudesse contar toda essa vibração,
A repressão era grande.
Era um desequilibrado, não tinha poder de decidir,
Entupi a mente com toda sorte de “porcarias medicamentosas”...
Basta!!!
Surgi um novo homem!
Um ser assim, dual e clandestino...
Mas não deixei morrer o irresponsável,
Não domei meu coração, não matei a arte que nos envolve.
Ficaram as cicatrizes da batalha, são as minhas medalhas,
Lembram-me constantemente que resisti a toda tortura e, de alguma forma,
Venci!