Sem pedir fizeste de meu coração a tua morada. Vazio ou cheio, pulsando ou morno, feliz ou chorando; não há outra senhora deste lugar que carrega minha vida segundo após segundo pelos dias dessa vida que antes já não era. Trago em mim o zelador de tua casa, de meu peito que tanto te deseja; assim sigo os dias a cuidar deste meu bem, que te pertence.
És a dona e se faz Senhora, pois resides nas manhãs, tardes e noites de todos os meus sonhos reais ou não, que sempre – no sempre que já passou e no que está por vir – que sempre povoaram meus melhores pensamentos. Fizeste de meu coração a tua morada e nele moras todos os dias de todos os dias onde vivo os meus dias.
De tanto que sua presença se faz sentida, sofrida, já não sei mais se moras no lar que criastes ou se tu és o próprio lar. Carne e sonho se confundem na saudade e na alegria que sinto quando habitas meu pensar. Não sei se te amo ou se tu és o próprio amor que arde em meus sentidos como corte de lâmina afiada.
Tua morada, seu lar ou o amor em si; faça de mim o que bem desejar, mas faça, faça de mim.