Poeta órfão
Eu sou maldito
sou aquele que observa
aquele impaciente
que a alma não sossega
Eu sou a dor
sou aquele que engasga
aquela bola na garganta
do viciado na praça
Eu sou a febre
sou a quentura do delírio
aquele segundo tremido
do parente deprimido
Eu sou a pele
sou o próprio lobo
aquele de dentes podres
prestes a lhe rasgar
Eu sou poeta
sou selvagem da cidade
aquele que amassa a vida
e usa o devaneio
Eu sou a angustia
sou de nenhum pai
aquele que me poe pra dormir
tem rótulo e só as vezes se vai.