Massa quente
Descendo pela calçada da avenida
Sempre procurando uma sombra melhor
Quero fugir do sol, dessa brasa ardida
Ando perdendo muito suor.
Tenho notado o destempero do clima
O azul do céu cada vez mais limpo
Vejo o cruzeiro e estrelas sem rima
O ouro, a se esconder do garimpo.
As nuvens já desceram a serra
Parece não querer voltar
Sem chuva a gente se ferra
Vivendo nesse forno a assar.
Mesmo depois que o sol vai embora
O calor permanece passeando
Sem destino pela noite a fora
Meu Deus, suportar até quando?
A brisa decidiu se afastar
Deixando as folhas em inércia
De redemoinho nem ouço falar
Se vir alguém dizer, mera conversa.
Falar de geada já parece mito
Mas naquele tempo existia
Vejo agora picolé caindo do palito
E essa massa quente não alivia.
Que conceito terá disso
Meu alvo maior, matar minha sede
Somos peixe a viver submisso
Que não seque o lago, lençóis e a rede.
Francisco Assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com