Não me deixa
Nossa felicidade estava por um triz
Todas as noites quando eu chegava a casa
Ela ainda estava acordada
Vivendo um momento infeliz.
Deixava a porta entre aberta
Quando voltasse numa hora incerta
Para aquele conceituado destino,
Donde um dia jurei respeito
Na alegria e na tristeza.
Ela a minha mais bela princesa
Aguardara no lar com a luz acesa
Qual hora pudesse voltar.
Mas fui viciando no jogo,
E não enxergava outro caminho
E na ingenuidade de um bobo
Estava a me destruir sozinho.
Vendendo o que possuía
Para gastar naquele cassino,
Em volta falsas alegrias
Permanecia cercado e não via.
Mulheres, bebidas e dinheiro
O que havia naquilo tudo de verdadeiro
Em meios a tantas armadilhas.
Meu nível já não era segredo
Apostar foi dando medo
Só perdia ao arriscar,
Então passei a voltar mais cedo
Por não ter mais como jogar.
Gastava todas as economias
Iludido em fantasias
Que uma hora pudesse ganhar,
Mas o derrotado fui eu.
Muito tarde para se arrepender
Não havia mais nada o que vender,
Até a casa tinha sido penhorada
E minha reputação, valia menos que o nada,
A que ponto chega um jogador.
Assim que empurrei aquela porta
Ela estava sobre a cama sentada,
Nossa felicidade quase morta
Vi suas malas preparada
Sem pertences de um perdedor.
Era só tristeza na sua imagem
Parte dela sobre a bagagem
Dizia que sairia em viagem
E não pretendia voltar.
Disse-me não irei fazer-lhe nenhuma queixa
Espero que esfrie a cabeça
Se necessário me esqueça,
Um dia voltaremos a se encontrar.
Suas palavras foram poucas
Eu me senti um farelo
Mas deu tempo de abrir a boca
E pedir não me deixa,
Ficara comigo sobre o corpo
Uma camiseta amarela, uma bermuda
E um desbotado chinelo.
Francisco Assis silva é poeta e militar
Email: assislike1@hotmail.com