linguística
não quero tua métrica regrada
nem tuas palavras polidas
servindo de enfeite
nas fachadas da vida
quero ser fonte de inspiração
pra tua semântica mais desregrada
e dançar nossas línguas,
sílaba por sílaba,
numa cama desarrumada
encontrar-me-ei desnuda e perdida
nos vãos da tua literatura íntima
e pouco me importarei
com a sintaxe dos nossos corpos
mas venha logo
com teus números e símbolos
me ensine a linguagem dos sinais
terei prazer em analisar tua morfologia
exalte teu desejo
antes que ele te cause afasia
e tu tenhas que expressar a vontade
num desesperado grito mudo
que eu não vou ouvir