LAVRADOR DE FLORES

Com um embornal cheio de sementes,

Conduzindo um punhal na mão

Vai caminhando o jardineiro com uma

Cadência gentil, beijando o solo com os pés.

Ele sabe que o terreno é duro, rude, infrutífero,um agreste.

Mas não quer à vera seu propósito abortar.

Sua cabeça está cheia de cores;

Sabe bem que a razão das coisas subsiste às regras.

Nem todas as sementes irão nascer,

Acontece também com o homem, o amor também aborta.

Plantamos, regamos, podamos as ervas.

A vida luta para ser vida, quebrando o solo, quer parir.

O solo é responsável e dita a cor, o odor, a estatura do fruto.

As rosas são frutos, elas alimentam os desejos; recados aos nobres

Corações; expulsam a fome do íntimo.

-Desânimo ? Não. O jardineiro não desiste, se uma semente apenas

Brotar, com seu punhal afiado irá dar golpes firmes nas ervas daninhas,

Jamais permitirá que um parasita lhes sugue a seiva. Quem ama, cuida.

Estes terrenos sempre serão desafios. O nosso terreno é um desafio,

Mas podemos regar, colher as flores, sentimentos florir com brilho e cores.

O jardineiro não desiste.

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 31/10/2014
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