LAVRADOR DE FLORES
Com um embornal cheio de sementes,
Conduzindo um punhal na mão
Vai caminhando o jardineiro com uma
Cadência gentil, beijando o solo com os pés.
Ele sabe que o terreno é duro, rude, infrutífero,um agreste.
Mas não quer à vera seu propósito abortar.
Sua cabeça está cheia de cores;
Sabe bem que a razão das coisas subsiste às regras.
Nem todas as sementes irão nascer,
Acontece também com o homem, o amor também aborta.
Plantamos, regamos, podamos as ervas.
A vida luta para ser vida, quebrando o solo, quer parir.
O solo é responsável e dita a cor, o odor, a estatura do fruto.
As rosas são frutos, elas alimentam os desejos; recados aos nobres
Corações; expulsam a fome do íntimo.
-Desânimo ? Não. O jardineiro não desiste, se uma semente apenas
Brotar, com seu punhal afiado irá dar golpes firmes nas ervas daninhas,
Jamais permitirá que um parasita lhes sugue a seiva. Quem ama, cuida.
Estes terrenos sempre serão desafios. O nosso terreno é um desafio,
Mas podemos regar, colher as flores, sentimentos florir com brilho e cores.
O jardineiro não desiste.