Cordas Soltas

Dependurados fantoches,

Enforcados em cadarços,

Seus sorrisos de deboche,

Em caras de porta-retrato.

A língua para fora,

Sai da fenda na garganta,

Uma gravata morta,

Na ironia mais profana.

Pés flutuando sobre o chão,

Intocáveis corpos suspensos,

Pêndulos de eterna exaustão,

Torcendo os rígidos membros.

Formigas escalando as pernas,

Vermes despencando dos lábios,

Uma lenta e fascinante tragédia,

Fazendo da dor um lindo hábito.

Na ternura da carne morta,

Apodrecendo em gente viva,

Onde a faca é que consola,

Degolando com lâmina limpa.

Uma Rapunzel de pelos raspados,

Chora lágrimas de sangue,

Rasgando a pele em retalhos,

Fazendo esquecer o próprio nome.

O corvo bica seus olhos,

Enquanto observa o céu,

Sentindo tremer os ossos,

Exibe feridas como troféu.

Não existe mais horas,

Já que o agora está morto,

Restam apenas histórias,

Traços lançados no esgoto.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 23/11/2014
Código do texto: T5046093
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