O Espelho deste Pai

O espelho deste pai, onde que habita?

Sem mínima estrutura, herói incompleto.

Pois que o fez eterno êxodo intuitivo.

Sumir no pai, sumir. E o pai: sumir

O que dizer do filho que não o ama?

Dizer ao pai que a infância agora é noite.

O olhar que existe é pai e o filho é outro.

Romper ou segurar, família ou filho?

Sequer resposta vêm, se é que há pergunta.

Seus ciclos serão meus, serão sentidos

no âmago mais físico, sem história,

sem urânio. Esse teu descompassado

epitáfio, que vivo ou morto está

escrito à prática do filho autômato.

O acolhimento estrábico e sanguíneo

do pai, que é o filho, e ainda vive atado

a coisa-hóstia cara a todo amor

é mesmo atroz abismo azimutal.

O filho e o pai somados, são dois nômades.

São sócrates sem senso, sem ciência

e místicos estranhos, nenhum mérito

primordial ou linguagem ou cinema:

Pai e filho. Que astúcia, que momento:

A mente: vírgula, procriadora.

O pai e o filho, espelhos um do outro

na concretude cínica da idade...

o filho é mesmo o pai, ou sonho apenas?

Que culpa tem o filho sem um pai,

desenha um falso espelho que a si mesmo

reflete, sem tecido e distraído.

Sem pai o fiho é pai. E continua

a troca, continua extremamente

filho, com a semente a mover tudo.

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 24/11/2014
Reeditado em 29/11/2014
Código do texto: T5047003
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