Página

A Gullar

1

Mistura-se

música à folha

escrita.

Música,

música

barrenta, surpresa

a todos que em música

se encucam,

por tabela,

por descuido, sensação

vibratória

da página.

Mistura-se folha

ao livro, e a música

requer sofrimento,

pede-o sinfonicamente

e lemo-nos cifrados.

A página lida,

ribamar gullar,

Se não lida, no sexo

da mesa,

no caos da brochura,

a música não

viria do maranhão

sequer de

dentro

do estômago.

A inexata pétala

da página-música

Ó, Gullar

Sodomizado olho

que estou, sujo.

Imerso em travessia de

cloaca,

vida de trinco,

O atravessou a rima

da desintegração do

varal pa

ralítico.

Que seda, são

pássaros soberbos

e apenas são, e nada:

Pássaros

Gullar e apenas

soco, silente

2

A página melodia

no astral asfalto

do som, biológico.

vozes, são tantas

gullar, que ouço

ao parapeito do tato

socialmente velozes

Ao dia mais que um

de magnum opus.

Guardado, ferro

de cria,

serrote de braços

e a boca sintomática

divide o saber

louco-lúdico

da morte,

esta mesma

No tempo que era tarde

e a dor, sacrifício

de esquecer

do exílio

da morte fissura

cabelo. Ética?

Sacrifício gullariano

presente no que é guardar

do lado atômico

do espelho.

O que fazer não há,

saber somente o ver

sem observar além do rarefeito

e o resto é claramente agora.

E a rima, e hortaliças

gravuras de um sol narciso

que não desponta, se anuncia

no acaso, o grande sol

recluso, não tenta a fala.

Inflado.

Sem ser gravura austera,

se esforça em crosta do ouvir,

circunscrito

em páginas, em música

ouvido neonucleico

e paisagista do susto,

sem ter do objeto da

escrita o ato moderador.

Susto, susto

entre as falanges e fleur

petrificada no papel.

Uns que te gritam!

Uns que te gritam!

Eclode a música, vultuada

Escrita música

Uns que te gritam!

Triturados, macro

cosmos

Uns que te gritam!

Páginas do cosmos,

golfar de anãs brancas,

Uns que te gritam!

Uns que te gritam!

3

Por Desordem, o mesmo

pulsar nos polos

cromomúsica

Arrasta a voz, e ouve

não lustra a prece,

ouve

Essa voz júbila, terrena

que espera e não bebe

e escarra, rapidamente.

Não lembra o antigo,

nem o quer na mão,

vendo-o inerte.

4

Brancamente vejo,

e ouço.

E brinco, palavreado

ácido, palavreado

música, come.

corpo

peito

sulco

beiço

peste

baba

Amargamente léxico,

bomba

basta

buraco

e

mínimo

(poro)

Ouço

ionizado

destroço.

Vestido no espaço

e finito,

mesmo que grande

5

José Singular

Heitor de Lima
Enviado por Heitor de Lima em 01/12/2014
Código do texto: T5055467
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