Pátio dos Trilhos

Quanto vento sem rumo

Sem calor e sem prumo

A se encontrarem afoitos

No Pátio dos Trilhos

Fico sentado por ali

Estático e sozinho

Engolindo o assunto

Vigiando o outono

Contando os ninhos

E as marcas de pombos

Quantos vagões transparentes

Que só na minha mente

Se ouvem seus estrondos

Ali no Pátio dos Trilhos

Eu subo o zíper da blusa

Mais dois degraus e me escondo

Do movimento urbano

Alguns olhares de abandono

Daqui a pouco já escurece

E fecho a janela do sonho

Quanto pecado inocente

Nas pilastras vivas

E nas portas que persistem

No Pátio dos Trilhos

Quanta aparência triste

Na alegre sinfonia dos pássaros

No amarelo da Sala Mário Lago

Que o pôr-do-sol já nem toca

Já nem toma este espaço

Este vasto pedaço

Que o chamam Pátio dos Trilhos

Ricco Salles
Enviado por Ricco Salles em 02/12/2014
Código do texto: T5056127
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