Canibalismo.

Devorando a mim mesmo, em toda a minha liberdade

Voltando ao pó, mesmo depois de uma certa idade

Nessa muita facilidade, andar a esmo, sempre mudando a direção

Me retorcendo como tênia, devorando das tripas ao pescoço

Mesmo que eu seja bem moço, sei que não tem muito perdão

Retrocedendo cada vez mais fundo, mastigando o coração

Piscando longe murmurando, remoendo sentimentos ímpares

Devorando a mim mesmo, perdendo toda minha razão, nas palavras

Me afogando, me libertando de uma bonita prisão,

Consumindo cada vez mais fundo sem fim, um vasto mundo colorido

Sentindo cada letra passar de volta na garganta, ficando a cada mordida mais vazio

Devorando a mim mesmo em palavras, debulhando a minh'alma em escadas, degraus, pontes longas

Me consumindo em versos que certamente não existiriam sem dor

Suando frio, queimando no vazio que acabo de causar

Escorregando num chão de azulejo branco, eu líquido e desfeito pronto para me acabar

Me consumo em palavras doces, que chegam pra me libertar

Fênix, eu me consumo e canibalizo pra num outro dia ressuscitar.

Jaina
Enviado por Jaina em 02/12/2014
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