Apego

Olho a janela, quadrada, calada,

Na sombra de uma noite inteira,

E nada vejo além de uma cidade

Emudecida ao som de uns poucos

Sonhos, de umas poucas estrofes.

Caído na razão estridente, surto

Aos poucos em versos surdos e

Pouco ritmados, porque a janela

Se embaça de coragem e mostra

O reflexo que vem de minhas letras.

Neste momento, comum nos dias

Que se passam, não vejo mais nada,

Não sonho mais com ninguém.

Porém preciso vislumbrar a pobre

Janela, tão pobre quanto eu.

É preciso ver a beleza refletida

No avesso de seu vidro e por

Fim desejar não mentir sobre

A feiura de minha caricatura

Noturna, que versa frases

Incógnitas e faz poemas em

Tristes formas de caretas.