Esperança

No acaso de letras caídas,

Surge um caso, nosso caso.

Insolúveis, porem, qual matrizes

Imperfeitas, equacionamos trinta

E tantos três numa dizima

Infinita e dialética:

Eu na busca, você ofusca.

Eu caneta, papel a cama,

Você cana e eu engano.

Qual de nós o sóbrio, quem era

A sombra na penumbra

Dos poemas que não surgem?

Eu busco você lusco-fusco,

Mas a noite nunca vem

E o dia nunca chega, o verso

Jamais versa e eu vice, você a

Imperatriz das folhas magnas.

Nosso caso acaso se completa

Um poema, um verso que seja.

Um amargo tinge a métrica,

A rima morre prematura e

Eu na busca, você ofusca.

Eu ninguém, jamais poeta,

Você amante, sempre palavra.