Belus
Tuas súplicas não me alcansam mais
E em meio as velhas árvores de um outono sombrio eu a deixei
Imersa nessa bolha de pecado e frio criada por uma mente doente
Aqui os raios de um sol cinzento não a podem tocar
Seu brilho se foi a muito,
Como o anjo que caiu do céu em um abismo de neve e esquecimento
Suas doze asas partidas agora não lhe servem de mais nada
E mesmo assim ele não chora,
Não esboça sentimentos,
Não demonstra arrependimentos,
Se ouve um grito...
Vazio, sem sentido
Perdido em meio a essas tenebruras que criei em uma folha de papel qualquer
Onde eu aprisionei você sem que soubesse
Sem ter para onde ir, sem ter como correr...
Minha presa...
Eu te imagino as vezes como alguém puro, imaculado
Correndo entre os vivos em suas brancas vestes
Cabelos loiros...mas seus olhos não estão lá!
Não podes ver, não podes ouvir
Atada a essa trama de fios vermelhos que compus em meus sonhos especialmente pra lhe deter
Impedir seus movimentos...
Enquanto meu grito se estende por todo esse penhasco
As mão cerradas em punho...
O vento reconfortante do norte corre entre meus braços
E de longe se ouve o baque maldito de um raio no crepúsculo
Nós que aqui estamos, e vivemos perdidos em pensamentos insanos
Tentando encontrar uma cabana calma e aconchegante para viver os últimos dias como homens