Reaload

Cada cartucho vazio,

Representa um fim maior,

Nas cápsulas do inimigo,

Contabilizamos um fim pior.

As grades da consciência,

Atravessam o cérebro acuado,

Causando certa demência.

Delírio proclamado alienado.

Razões que se perdem.

No emaranhado de projéteis,

Como ideias que seguem,

Acertando crânios em xeque.

Morremos antes de estarmos mortos,

Numa matemática doentia,

Usamos a estatística para os corpos,

Preenchendo frias planilhas.

Dedos pincelam de sangue,

Esta arte maldita da guerra,

Enquadrando o vil instante,

Numa exposição de merda.

Os pais choram os filhos,

Os filhos choram os pais,

O outro é apenas o inimigo,

Esperança não existe mais.

A tragédia é colírio de horror,

Salpicando areia na retina,

Visão feita de extrema dor,

Mundo visto em densa neblina.

Calam-se as vozes e falam os canhões,

Gritam as lágrimas machucadas,

Parece que todos perderam emoções,

A agonia vem forte feito enxurrada.

Bandeiras são panos rasgados,

Lembrança macabra do medo,

Arquitetura de desabados,

Montes de desapego.

Cicatrizes se espalham pelas ruínas,

Registrando cada pequeno drama,

Enquanto trabalham sem parar as usinas,

Produzindo as fontes de sua lama.

É possível ver nos olhos do menino,

A inocência ser pisoteada por coturnos,

Recolhendo os dentes do corpo estendido,

Que pertencera a mãe desse órfão do mundo.

Bruno Azevedo
Enviado por Bruno Azevedo em 21/12/2014
Código do texto: T5077129
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