Pois é

As balas voam por cima da casa

Como pombos desnorteados

Fere meu âmago e os meus versos

E Picotou os sonhos que tive nas azas

A porta da rua esta sempre aberta

E sua língua é mentirosa no palavrão

Pois sei que não sou órfão

Nem deixo pousar vermes na moléstia

As balam não cessam

Correm na ruela

Desentocam toda a favela

E as mães rezam

No epicentro é que dança o madeirite

Pula o cachorro no córrego

Automotivas margeiam o rosto turvo

E nada nos permite

Alguém sempre chora mais alto

Os blocos não bloqueiam o desespero

Que floresce do pé com chinelo

Que sobe até a laje rasgando o peito

O pulo no vizinho é cinematográfico

É pesado e sem som

E o velho sentado espera ,aquele tempo bom

Num lamento nostálgico

Todos se conhecem

Partilham do mesmo copo, de água com açúcar

Que evita a lamuria e os filhos param de chorar

E eles logo adormecem

Amanhã as marcas serão a visão no café

O tanque esfrega e esfrega

Pego o pão e a manteiga

E a conversa sera "Pois é".

Robert Ramos
Enviado por Robert Ramos em 22/12/2014
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