AUTO-RETRATO DO BARRO.

Vejo demônios voando na Terra e andando nos céus

Entrando e saindo de igrejas, templos, terreiros,...

E parlamentos. Nudomaníaco de justiça e virtude

Com sólidas bases no mal e no egoísmo,...

Incapaz de produzir mudanças,... Tornam-se réus.

Galinhas pretas em encruzilhadas de puteiros!

Cruzes semeando corpos com beatitude

Imã de uma fotofobia abençoada com fideísmo

Como é primitivo pensar em nossas ambições!

Em ter ao invés de ser, em odiar ao invés de amar.

Triúnviros administram o dolo no seu mundo vermículo

Dizimam a própria espécie para obter poder pessoal

Tímida ascética, ônagro com idiotas insurreições

Que crêem numa ressurreição de uma nova Asgard

No beijo de um Judas atual e traído por seu discípulo

Nos Césares que nos saqueiam,... E te trata como serviçal.

A ciência, colégio de uma educação esquecida

É o álcool de toda religião,...

Remédio sem contra-indicação

Arte que a literofobia quer vê-la oprimida.

Como dói a boca ao vomitar minhas verdades

Como o olhar e sorriso enigmático da Monalisa

De Leonardo da Vinci, onde expõe seu ceticismo

Como Pirro fazendo oposição a Roma,...

E é como o civilizacional constrói suas próprias necessidades.

De barro não fui feito, mas sim de uma linguagem concisa

De microscópicas células obcecadas por tal cinismo

E de substancias irmãs,... Em conflito com seu genoma.

CHICO DE ARRUDA.