Espuma da Virada

E se a vida me negou alguns de meus sonhos...

Não é porque eu não os merecia ou deva abandoná-los,

nem porque em minha inocência, não os podia compreender...

Mas, porque por algum motivo oculto de mim mesma,

não os era permitido acontecer naquele momento.

E não lamento como já tantas vezes a Deus lamuriei.

Nem apago as velas que ainda acendem minha luzerna

porque a esperança é o futuro que nunca morre...

Eu sei que ninguém sem luz consegue manter-se sempre acendendo

a tocha que os outros seguram na mão...

e, às vezes, mergulham na água para apagar...

Hoje, sinto-me pequena pelos sonhos que não tive,

por aqueles que me foram perdidos e os não realizáveis...

e até por nunca receber um aceno para continuar a sonhar...

Mesmo assim, em minha pequenez, ainda acredito no amanhã.

Então ergo os olhos para o infinito que eu posso ver...

e dele recebo todas as dádivas do dia que hoje vivo.

Pois as mãos que acendem para si horizontes de possibilidades,

entregam-se como candeeiro para quem não tem dentro de si o natal

ou, não pode tomar a espuma de um borbulhante estouro de virada.

Porque o que fica, não são as pegadas que nós - ou o vento - apagamos...

mas, a semente silenciosa de amor e doação que acendemos na alma,

em cada dobra do tempo que Deus sabiamente coloca em nossas mãos.

Maria
Enviado por Maria em 23/12/2014
Reeditado em 23/12/2014
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