Enigma
Sou como você me vê:
Nem tempestade nem brisa
um livro que não se lê
aquele barco à deriva.
Sou certo verso estável
com tempero obrigatório
de resíduo inexplicável
deste meu mundo ilusório.
Sou um grão na erma imensidão
galgando íngremes escarpas
semente plantada em vão
dentro de agônicas farpas.
Assim, tenho várias faces:
a que fica indignada,
a que lhe olha de soslaio,
a que sofre e chega às lágrimas,
a que se fecha enigmática.
Mado