[Queria]

Eu queria,

que o sabor inaugural das coisas não envelhecesse,

que perdurasse a estranheza da primeira audição de uma música,

que a agonia das tardes fosse rápida e não me ferisse a alma,

que não findasse o prazer de rever e tocar alguém vindo de longe,

guardar nítida memória do cheiro do almíscar do amor,

ir embora numa lua cheia de junho, céu limpo, infinitas estrelas,

e que de mim não ficasse lembrança, saudade...

Eu queria sim, queria muito,

pois estou sempre a querer o que não posso ter.

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[Desterro, 04 de janeiro de 2014]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 06/01/2015
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