HIGIENIZAÇÃO DO POEMA
Precisei tomar um banho.
Quente.
Demorado.
Demorei até desbotar a pele,
desfolhando o sujo dos poemas.
O cheiro do coalho abriu o apetite.
Deixei no ralo do banheiro
todos os meus delitos.
Eram tantos pensamentos infames!
Descartei no cesto
aquela velha fotografia.
Era lindo o motivo da minha perdição.