[Desarranjos para a lambedura de cães]

Em que abismo... onde, sob qual luz,

ou sob qual sombra amorfa e tétrica

lançarei aquele traço pior de mim,

se nem mesmo tenho algo a ser

considerado o melhor [de mim]?

O pior e o melhor se misturam sempre...

De uma coisa eu sei: tudo que eu tenho

são feridas aptas para a lambedura de cães,

pois, quem pensaria as feridas de outrem?!

Desalinhos, desarranjos... são os tropeços

na errática caminhada do meu Eu-ontem,

os traumas daquele que eu já não sou mais.

No entanto, eu me vivo: num rasgo de morbidez,

eu sinto saudades daquelas pretéritas emoções,

e dos amores vividos por aquele Eu-ontem!

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[Desterro, 23 de janeiro de 2015]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 23/01/2015
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