[Poema adentro]

O poema é um labirinto nalgum lugar de mim:

quando o adentro, sei que estou só

e disponho de um sei quanto de fio —

não sei se vou sair, se vou escapar ileso

[mas quem é que sai ileso de um poema?].

Passo a espessura da penumbra da entrada,

tenho numa mão a fraca vela da razão,

e na outra — às vezes, só às vezes — eu levo

a tocha brilhante de alguma dúbia sensação:

o mais vezes, recebo a ordem de escrever

e sem ter noção clara da origem da emoção,

adentro o poema, lanço-me no escuro —

as próprias palavras abrirão caminho!

Agora, poema adentro, eu sinto

a pura alegria que me traz

a suave fruição de ser livre, livre...

Estou à solta na minha ambiguidade!

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[Desterro, 21 de janeiro de 2015]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 24/01/2015
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