MINHA LIDA
Já mergulhei em águas rasas,
em águas escuras, em águas turvas.
Naufraguei em mares revoltos,
Desci correntezas em rios caudalosos,
Precipitei-me de cachoeiras altas,
Nadei, sem respirar, no fundo do mar.
Atolei meus pés em poças de chuva,
Deixei meus sapatos por lá.
Já me afoguei em lagos quietos e
já naveguei em alto mar,
com a ajuda dos ventos a me impulsionar.
Por fim, cai dentro de um poço fundo,
por algum tempo eu fiquei lá
escalando paredes lisas.
Tenho no corpo feridas do árduo esforço,
com ossos fragmentados sai,
consegui me salvar.
Hoje, sentada na borda,
tento erguer-me sobre minhas pernas.
Quero caminhar na beira mar,
banhar meu corpo nas ondas que quebram
lavar as feridas com sal,
tempero da vida.