SEM TEMPO

Não tenho tempo para rastrear teus passos,

para importunar-te,

para perseguir-te,

para caçar-te.

Não tenho tempo para fazer-te amar-me,

para explicar sobre a liberdade no comprometimento,

sobre a presença na distância,

sobre a ausência em corpos entrelaçados.

Não tenho tempo para procurar marcas de batom em tua face.

Não tenho tempo para imaginar teus pensamentos,

nem para esconder meus sentimentos.

Não tenho tempo para chorar,

nem para conter as lágrimas.

Não, não tenho tempo

para admirar o sol através de uma janela fechada,

nem para fantasiar.

Mas, tenho tempo bastante para amar,

para deslizar meu corpo por sobre teu corpo

e minhas mãos por entre teus cabelos já grisalhos.

Tenho tempo para olhar nos teus olhos

e ouvir atentamente tuas queixas, alegrias, risadas, mágoas.

Tenho tempo para compartilhar,

para dividir,

para me deitar ao sol,

para me deixar molhar pela chuva,

para ouvir o silêncio,

para admirar o luar.

Tenho tempo para escrever poesias.

Tenho tempo e nenhum medo.

Não tenho medo de quase nada,

nem da solidão, nem do envolvimento.

Não tenho medo de amar, nem de ser amada.

Não tenho medo de perder-te,

ou de nunca te ter.

Mas, tenho medo, muito medo, de não saber e

De confundir-me e de conformar-me

Olivia Maria Beltrão Gondim
Enviado por Olivia Maria Beltrão Gondim em 31/01/2015
Código do texto: T5121491
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