INCÚRIA

Vive na escuridão
Assombrada pelas incertezas
O funil sem fim do tempo
Tragou-a feito um ciclone
Hoje, mal sabe o seu nome.

Impassível assiste a poeira
Trazida pelos ventos da discórdia
Há muito em sua vida deu adeus
A qualquer forma de concórdia.

Se é feliz ou infeliz?
Nem disso é capaz de saber
Selou com injúrias e turras
Sua participação no cenário do mundo
Enterrou-se num escuro buraco fundo.

Escreve, escreve, até a pena secar
Irritada, atira tudo ao mar
Penalizada, vê a escrita flutuar
Sem conseguir afundar
A pena enfim, se salvou de sua fúria
Ela, no entanto, naufragou
Em sua própria incúria.



(Imagem: Lenapena- NY)
Lenapena
Enviado por Lenapena em 05/02/2015
Reeditado em 05/02/2015
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