O POETA ENGANADOR
Sei que temo até as orelhas
Ao ouvir o som da vida
Que fulmina em mim
E termina perto demais da terra
E longe demais do céu.
Das asas absorvo
Sob duras penas
A pena que tenho de minha dura queda...
(Como se ela estivesse tão distante de mim. Dizem que quanto mais distante se está da queda, maior será ela. Não! Dizem algo parecido. Mas é que dizem tantas coisas...)
...do meu pobre corpo
E do, também pobre, bolso.
Mas ora, não há pobreza no inferno.
E se a morte não atrai,
(O que de certa forma é mentira, pois ela acaba atraindo todo mundo no exato momento em que a vida deixa na mão)
Menos ainda a vida.
Mas não se desesperem,
Pois todo poeta é enganador
Se não pelos versos,,
Então, pela conclusão.
Pois versos não são argumentos.
Mesmo que isso pouco importe,
Pois o que há de mais belo
Do que a falácia dos poetas?
A beleza é feita de sangue,
E não de verdades.