Morreu o mar, morreu Omar

Triste é o mar, triste é Omar

Que vive triste como um passarinho, sozinho.

Mal sabe ele, coitado, que o seu coração não dança mais,

Nem levanta da cama,

Também não canta, aliás.

Vai ver o bichinho, cansado de bater, parou

Tarde se foi lá com os seus 80 anos,

E olhe que nem 80 anos bastou

Pra se fazer tudo que devia e queria e podia.

Partiu a corda da vida,

Já contorcida com a idade.

Talvez um dia, quem sabe,

Se lembrem dele e digam:

"Ora, esse foi aquele que lutou na grande guerra,

e com força residiu, na terra, por longos anos

Só a fome, a miséria

Não bastaram para lhe tirarem a vida, não.

Foi perseguido, massacrado, preso, solto.

Mudou de país, mudou de vida, mudou de ares, mudou de nome, codinome.

Se deu o mar, Oh, mar!

Mudou de tudo, menos de fim.

Morreu.

Não de peste, de tiro, de fome, sede, de abandono, não.

Morreu de vida. Morreu de morte. Morreu de saudade, de tristeza.

Beleza! Mas quem morre disso?

Disso morrem os homens, homens de carne e osso. Só isso.

Morreu, enfim, morreu.

Mas - Que pena! - ninguém vai se quer saber de tudo que viu, viveu e sofreu,

Nem de quantas coisas perdeu."

mariliami
Enviado por mariliami em 25/03/2015
Reeditado em 25/03/2015
Código do texto: T5183116
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