De mim para mim

eu te amo, sim!
(ainda que, às vezes, não me sinta correspondido)
 
     admiro a coragem com que choras
     e a veemência com que renasces
     a honestidade com que olhas
     cada sorriso em tua boca
     cada lágrima em tua face
 
sei da dor que deixas doer
escondido na noite, bem tarde
sei da pequenina ferida na pele
disfarçando a bem funda, na carne
 
     sei de teu sorriso, buscado à alma
     por cada "mágica" que anjos te dão
     sei que anjos te trazem na palma
     na talvez imerecida palma da mão
 
sei que tomas, aprendendo, da ferida
teu sangue, quando escorre, vermelho
sei que encaras, de cabeça erguida
tua imagem - qualquer - no espelho
 
     sei que erras - e quem não o faz?
     mas enfrentas teus erros lutando
     sei que não queres errar mais
     e sei que vais morrer tentando
 
não queres o erro que a vida te traz
só, não poucos, os teus - já pesando
queres de volta aquele coração audaz?
és assim agora? um caminho, fernando!
 
     sei que és aprendiz, um andarilho
     e é pelo que, sei, te ajoelhas inteiro
     para mereceres o olhar de teus filhos
     e a paz da fronha de teu travesseiro
 
e se não fôssemos um, eu te daria colo
te deitaria em meu peito ao afago da mão
com um pouco de esforço, acho que posso
beijar, solidário e amigo, nosso coração.