DESPIDA
Ela faz parte de um todo onde não é nada
É mãe, não é filha, é bastarda...
Muitas vezes adotada por quem só a quis nua
Sua casa é a rua, as praças seus abrigos
Todos são seus inimigos...
O medo, a depressão, a fome, a solidão, a incerteza.
Longe de quem a criou e deu-lhe arbítrio
Só a poesia lhe faz companhia, a faz lembrar o que é amor
O torpor aprisionou-a na primeira vez
Dia após dia refém da embriaguez e da desgraça
Até ter a coragem de dizer não, de dizer sim,
Foi alcançada pela graça!
Ouviu palavras que falam de amor, perdão, cura, libertação e salvação.
É uma poetisa rejeitada, uma pecadora salva
Não convencional, andando de ré na contramão
Aprendeu a amar, a perdoar e a pedir perdão
Tem fé e esperança em uma nova vinda, uma nova vida.
Com o corpo vestido, e, a alma completamente despida.