Sina
Busco um poema
oculto não sei onde,
mas sentido, pressentido, esperado.
Carrego um poema,
sinto seu peso, farejo-lhe os vocábulos,
as imperfeições.
Na via das palavras sereno jaz.
Não sei do que fala,
o que transmite, mas é perfeito em si
de tão oculto. É grande, pois nem nascido
já se insinua.
Vejo (sinto) no ar, na rua, no ônibus,
na face oculta.
Percebo seu reflexo no plano da água.
Estará no quarto?
Estará no quintal?
No seio de alguém?
Onde o poema?
Apesar de,
procuro.
Corro, espero sua vez, seu momento,
na passividade inerte do papel.