A morte da rainha das óperas

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e
las primeiro ensaiam
um stacatto de uma nota só
a árvore treme, a rua escuta
unico tom em coro de morrer
canta cigarra, canta q`eu me vou
sem pressa, sem correr
e elas iniciam outra cadência
como patas em tropel
finalmente, o grito da morte
contínuo, agudo, incessante
e perto de mim, junto ao portão
elas caem, pernas cansadas
de muito e demais esticar 
é assim que elas sabem cantar
morre cigarra, porque seu canto
é o canto da eternidade das árias
da vida que se foi, devagar
quase parando... 
prá depois voltar ao coração
de quem sabe escutar...


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