Foste meu vinho!

Queria novamente beber do teu vinho...

sentir o quente do seu vigor nas minhas entranhas.

Ouvir sua voz firme e grave...

me dizendo palavras tão afáveis...

porém tão bem fundamentadas.

Despertava em mim a mulher que eu desconhecia;

nas provocações me embevecia!

Foste a força e a sutileza...

o fogo e a correnteza...

foste a beleza dos versos que implodiam...

em meu coração cego em devaneios!

Tudo por causa dos nossos anseios....

tudo por nosso desejo sem resquícios de pudor...

ou lances de arrependimento.

Tudo em nome da paixão excitadora...

e do queimar de um sentimento!

Queria novamente este vinho...

vindo de você bem cedinho...

me embriagando o dia todo...

manchando meus lençóis do vermelho do amor...

do vermelho do sangue...

vivo e corrente...

de dois corpos em transe!

Fomos assim...por um tempo...

por dois tempos...

fomos carne no sentido puro da palavra...

e no sentido figurado da vontade.

Foste o vinho...

e eu...

a taça que se deixava transbordar!