há ferrugem do ferro que fere

a ferrugem sobre os ombros do tempo

como mau agouro

marcas cicatrizes hematomas tatuagens

nutridos pela canção de pseudos enconderijos grávidos

da vergonha, como resquício como débito indevido

insubstanciais e maltrapilhos

há ferrugem que ferra e fere

como a teimosia do medo fabricado

pela fuligem

e pela vergonha de ser gente

que tem a alma pulsante e pujante

com as dores e prazeres

de uma cor-raça,

agora couraça

de desdobramentos ecoantes

seminalmentes sagrados

há ferrugem do ferro que ferra, fere

e teimosamente se alimenta do equívoco de esconder,

mostrando o que se é realmente

Raimundo Carvalho
Enviado por Raimundo Carvalho em 24/05/2015
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