ENDEREÇO DAS BORBOLETAS
O teu corpo é uma rua, meu endereço,
lotada de sonhos, de pedras,
de batentes, de portas, de janelas,
de cortinas, de esquinas, de canteiros.
O teu corpo, é a minha cidade,
às vezes alegre, às vezes triste,
vestida de luzes, és a minha calçada,
meu poste iluminado, meu farol.
Azeitada, betumada, luz do mundo,
fantasia da minha madrugada,
hotel à beira do caminho,
para que eu possa conhecer a cidade.
Na tua esquina, um corpo esquio,
borboleta perfumada, querendo
beijos, à procura de afagos,
exposta e escondida, um cigarro aceso.
Meu beco molhado, minha vila florida,
meu amor encantado, mulher vadia,
venho a esmo para te encontrar,
ciganeando prendas, procurando anéis.
Teu corpo é minha rua, tem número,
tem porta, tem janelas, tem camarinha,
tem lamparina, tem azeite, tem óleos,
tem um corpo esquio à minha espera.
Pedro Matos