ENDEREÇO DAS BORBOLETAS

O teu corpo é uma rua, meu endereço,

lotada de sonhos, de pedras,

de batentes, de portas, de janelas,

de cortinas, de esquinas, de canteiros.

O teu corpo, é a minha cidade,

às vezes alegre, às vezes triste,

vestida de luzes, és a minha calçada,

meu poste iluminado, meu farol.

Azeitada, betumada, luz do mundo,

fantasia da minha madrugada,

hotel à beira do caminho,

para que eu possa conhecer a cidade.

Na tua esquina, um corpo esquio,

borboleta perfumada, querendo

beijos, à procura de afagos,

exposta e escondida, um cigarro aceso.

Meu beco molhado, minha vila florida,

meu amor encantado, mulher vadia,

venho a esmo para te encontrar,

ciganeando prendas, procurando anéis.

Teu corpo é minha rua, tem número,

tem porta, tem janelas, tem camarinha,

tem lamparina, tem azeite, tem óleos,

tem um corpo esquio à minha espera.

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 26/05/2015
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