Portinha
Através de uma fresta
Posso admirar essa chuva serena
Com barulhos estrondosos
Que acalma a alma quando se acalma
E relata a poesia em cada gota que cai
Dá um sorriso
Permite uma lágrima
Encanta e faz sonhar
Sonha e faz acreditar
Que seu cérebro faz seu coração bater
Seu pulmão se expandir
O seu sangue circular
E hipoteticamente lhe aperta o hipotético coração
De brinquedo
Que usamos para metáforas
Brincadeiras de adultos
Que esqueceram de ser jovens
Enquanto houve tempo para serem
E depois
E hoje escondem aquilo que não foram
E hoje refazem passos inferiores ao pior dos poemas
mal escritos
mal amados
por si
aqueles abandonados
deixados
no fundo das gavetas
de quantas gavetas!
Esse pobre que carrega
tantas histórias quando é possível suportar