O velho

Deitado em uma velha cama, vestindo um belo terno, provavelmente Italiano, de bom gosto a morte está cheia.

Passo a mão em meu bolso e sinto algo familiar, uma carteira de cigarro preta, restando apenas um único maço.

A morte estava de bom humor naquele dia, para me oferecer o último prego do meu caixão.

Debilitado, não pelos excessos de minha vida festeira, mas sim por minhas amargas porém próprias escolhas.

Olhando para o céu sem nuvens, sem luar e nem estrelas apenas uma ofegante e confortante solidão.

Minhas pernas já não mais firmes deduram a velha de manto negro que me espera, talvez neste ultimo momento, eu possa ver a verdade que sempre me cercou. "Não só de pão e vinho vive o homem.", mas disso eu já sábia, apenas não admitia minha própria falha em cuidar de algo tão simples quanto eu mesmo.

Meu cigarro chega ao fim e sou levado junto a brisa e a fumaça, ofegante, sem ar, sem medo, sem estar e ao mesmo tempo estou, com ela.

Boa noite.