DESCAMISADOS
Descalçados das bases
de sobrevivêmcia,
apartados como um rebanho,
tangidos do berço.
Na busca de outro solo,
terão que doar a própria pele,
afim de cingir outras cinturas,
em terras estranhas.
Sofrerão com a imposição
de rótulos;
dentro do mesmo país,
levarão um vida de fugitivos.
Porque a água é tanta,
mas, não molham os seus pés,
era a chuva que banhava
os seus corpos.
Punidos pela mãe natureza,
agora sofrem dupla disciplina;
não se conformam com tal sina;
as cacimbas ainda nascem nos olhos.
Todos levam consigo uma fé cega,
a mesma que conduz os homens
a qualquer lugar;
infortúnios do destino.
Maldição criada pelo homem,
autoresignação sem medida,
uma fé tal qual areia movediça,
engolindo-os antes do tempo.
Pedro Matos